Em um marco importante para a identidade cultural do Tocantins, o Governo do Estado promulgou o decreto de lei que eleva as cachaças artesanais, produzidas na Região Sudeste do estado, à condição de patrimônio cultural imaterial. O projeto de lei, de autoria da deputada estadual Claudia Lelis, foi assinado pelo governador Wanderlei Barbosa e entrou em vigor no dia 8 de janeiro.
De acordo com a justificativa apresentada, a bebida é produzida há décadas nos municípios de Combinado, Novo Alegre, Taguatinga e Arraias de forma artesanal, utilizando técnicas rudimentares transmitidas de geração em geração. A produção da cachaça na região é considerada uma atividade econômica importante, que gera empregos e renda para a comunidade local.
Paulo Palmeira, 50 anos, é produtor rural no sítio Rio Palma, localizado em Combinado, a 495 km de Palmas, onde produz a Cachaça Palmeira. Ele explica que, além de trabalhar com o desenvolvimento da cachaça, reconhecida na região por seu sabor e aroma, também confecciona embalagens igualmente produzidas de forma artesanal, servindo como um artigo que pode ser utilizado para presentear as pessoas. De acordo com o produtor, “a valorização e incentivo do Estado do Tocantins contribuirá cada vez mais para a divulgação do produto”.
Para o Secretário da Cultura Tião Pinheiro, a produção de cachaça artesanal, antes de ser uma atividade econômica, traz alta representatividade cultural tocantinense que passa de uma geração a outras.
A autora da lei, deputada Cláudia Lelis, comemorou a sanção da Lei que instituiu a cachaça da região sudeste como patrimônio imaterial. “A produção da cachaça na região sudeste é uma atividade econômica importante, que está crescendo muito e gerando empregos e renda para população e produtores locais, além de ser reconhecida por suas características únicas de sabor e aroma, resultantes da utilização de ingredientes e técnicas específicas. Esta Lei irá contribuir muito para a identidade e valorização do nosso produto”, afirmou a deputada.
Além da Cachaça Palmeira, existem diversas outras produzidas na região das Serras Gerais, e como uma peça chave na estruturação e qualificação desse trabalho, foi criada a Cooperativa dos Produtores de Cachaça de Alambique do Sudeste do Tocantins (Coopercato). O grupo foi fundado em 2004 e hoje possui sede na cidade de Taguatinga, com polos de produção também nos municípios de Combinado, Dianópolis, Natividade, Novo Jardim, Porto Nacional e Aurora do Tocantins.
Composta por 20 produtores de cana-de-açúcar, o grupo comercializa dois tipos de cachaça: o modelo prata, mais comum, e o modelo envelhecido na madeira de umburana, árvore típica da Caatinga, mas que também está presente no sudeste do Tocantins.
A exemplo disso, hoje a região promove a chamada Dama dos Azuis, bebida produzida e destilada em Aurora do Tocantins, município localizado a cerca de 440 km de Palmas. O nome da cachaça é uma homenagem ao Rio Azuis, registrado pelo Guinness Book como o terceiro menor do mundo, com apenas 147 metros de extensão.
Nadir Batista de Sousa, 50 anos, é uma das cooperadas e reside no município de Taguatinga. A produtora é dona da cachaça PN e explica que a bebida é fabricada com mel, butiá, açaí, entre outros alimentos. A produtora ainda comenta que o grupo realiza o envase da cachaça Dama dos Azuis e que a bebida é fabricada por cada cooperado. “Cada um tem uma responsabilidade muito grande do plantio, colheita, produção e envase”, afirma a microempreendedora.
A cooperativa conta com uma rede de apoio de mais de 25 instituições que fomentam o arranjo produtivo da cachaça de alambique, juntamente com uma equipe de consultores nas mais diversas áreas, como capacitação, gestão, pesquisa, crédito, entre outras.
Fonte´- Secult
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